No momento em que parei de acreditar em felizes para sempre, metade da laranja, tampa da panela, alma gêmea, amor para vida toda e qualquer coisa que o valha, é que encontrei o amor da minha vida. E descobri que o amor é construído dia após dia.
Pode ser que exista amor à primeira vista, mas eu acredito que o amor nasce na rotina. Nasce naquele momento em que você está com cólica, mau humor, medo, raiva, brigou com a irmã, ficou preocupada com o filho, está com esmalte descascado e não teve tempo de pintar as unhas, não conseguiu encarar um salto e está de rasteirinha e, ainda assim, permitiu que ele estivesse ao seu lado – e ele não quis ir embora.
O amor da sua vida é aquele que atura sua TPM (e ainda compra um chocolate!), se oferece para estudar Matemática Financeira, mesmo sendo Advogado, fica em silêncio quando só você precisa falar, elogia aquela comida insossa e sem graça que você fez, porque sabe que cozinhar não é o seu forte – e não precisa ser. E tantas outras coisas “pequenas” que não foram escritas nos contos de fadas que lemos na infância.
Aliás, esqueça os contos de fadas, revistas femininas, comerciais de margarina e filmes românticos. O amor da sua vida não vai ler os seus pensamentos, gostar de todas as mesmas coisas que você, fazer todas as suas vontades, nem concordar com todas as suas opiniões. Vocês vão discordar e se desentender algumas vezes, porque são diferentes, inteiros e maduros o bastante para entender que divergências são oportunidade de crescimento e aprendizado.
Quando você deixar de sentir aquele frio na barriga, seu coração não disparar e suas mãos não ficarem mais suadas a cada encontro, você descobrirá que a paixão aprisiona e o amor liberta. Porque o amor da sua vida é aquele irá amá-la exatamente pelo que você é.
Texto meu publicado no Amor Crônico no dia 5/2/2013.