Vivemos em um mundo em que a maioria das pessoas parece desconhecer a tristeza, onde só há sorrisos, boas festas, filmes incríveis, trabalhos magníficos, viagens, mesa de bar com os amigos. Aparentemente só há alegrias e felicidade. E, se por alguma razão, você está triste o problema é seu.
Compre um livro, procure um coaching, siga as digas de um youtuber, olhe o Instagram incrível de alguém mais incrível ainda. Seja rico. Seja famoso. Seja feliz. Seja magro. Seja bonito. Se você quer, você pode. Você consegue. É só ter força, foco e fé.
Não acho que devemos expor nossas dificuldades para todos e entendo, perfeitamente, uma enxurrada de posts felizes, motivacionais e inspiradores nas redes sociais. Mas, fora das redes, também encontramos sorrisos que escondem tristezas, pessoas aparentemente bem-sucedidas que estão frustradas, casais que demonstram estar felizes e não se suportam.
Mas não é sobe isso que desejo falar, pois a intimidade de cada um pertence a si mesmo. Quero dizer que toda essa aura de felicidades, de contentamento, de obrigação de ser feliz o tempo todo, faz com que as pessoas não tolerem algo tão humano e simples: a tristeza.
Não importa o motivo todos nós ficamos tristes vez ou outra. E ficar triste, embora seja condenado atualmente, faz parte da vida. Precisamos aceitar a tristeza e lidar com ela. Sofreu uma desilusão, foi acometido por uma doença, perdeu alguém querido, ficou sem emprego, o plano deu errado. E um direito seu ficar triste, chorar e sofrer.
Eu sei que estou falando o óbvio, mas já vi gente dizendo “não chore” para alguém que acabou de perder um ente querido. Não é desumano exigir que uma pessoa fique bem, não derrame uma lágrima após o falecimento de alguém?
Ninguém quer sofrer, mas o sofrimento faz parte da vida. Não significa que a pessoa esteja depressiva, seja fraca, não saiba lidar com as suas emoções. Pelo contrário. Quem finge estar feliz quando na verdade está infeliz, está ignorando a si mesmo e sabotando a própria felicidade.
Não se culpe quando estiver triste e o mundo parece estar feliz. Permita-se viver seus momentos de fraqueza, de dor, de insegurança, de medo, de insatisfação. Respire. Chore. Escreva sobre isso. Converse. Se preciso for, peça ajuda. E se não conseguir lidar com o problema, procure ajuda profissional.
Mas entenda: não há nada de errado em estar triste, decepcionado, frustrado, desanimado uma vez ou outra. Errado é ignorar os nossos sentimentos e emoções, perseguir uma felicidade inexistente e mentir para nós mesmos.
E acredite: a tristeza tem fim.
Crônica publicada no Amor Crônico em 9 de abril de 2019.