Toda mulher inteligente é uma burra assumida

Com um número cada vez maior de mulheres espertas, devo desapontá-los: eu sou inteligente. Leio bastante, gosto de artes, teatro e cinema, tenho bons conhecimentos gerais, além de curso superior, pós-graduação e uma carreira em ascensão (que inclui um bom salário e independência financeira).

Consideram-me séria, centrada, idealista. Sou a conselheira das amigas, a mais realista, a mais objetiva, aquela que fala o que deve ser dito e não o que querem ouvir. Sou capaz de enxergar a situação tal como ela é, e não como gostariam que ela fosse – inclusive quando o assunto é relacionamento amoroso.

Sempre fiquei com todos os homens que quis e, até bem pouco tempo, acreditava que a razão disso era minha inteligência, segurança e independência. Acreditava que o fato de ser uma mulher bem-resolvida era, por si só, bastante intrigante e envolvente. Doce ilusão. Para os homens só existem dois grupos de mulheres: as feias e as bonitas.

Você é bonita e ficou com o cara que queria? Não adianta ter milhares de táticas, decorar as dicas da revista Nova, ser atualizada, ler José Saramago, estar por dentro do que acontece no Brasil e no mundo, fazer joguinhos de conquista, dar ou não no primeiro encontro, não atender a ligação para fazer charme. Ou adianta, se você ainda não está envolvida emocionalmente.

Mulher esperta sabe exatamente o que deve fazer e como deve fazer, até o dia em que se apaixona e, simplesmente, de uma hora para a outra, não consegue pôr seu aprendizado em prática. Mulher inteligente admite que emoções são inexplicáveis e tem plena consciência de que burrice não é comportamental, e sim sentimental.

Burra adulta e bem resolvida não vai ficar trancada em casa esperando que o cidadão resolva ligar, não vai dormir com o telefone do lado, não vai deixar de conhecer outras pessoas, se divertir e cuidar de si mesma. Nenhuma mulher, por mais inteligente que seja, é capaz de determinar os rumos de seu coração e decidir por quem deve se apaixonar, quando e porquê.

Convenhamos, longe dos folhetins e contos de fadas, nem todas as histórias têm finais felizes. Desnecessário tentar suicídio, deixar de comer, chorar até que sequem as lágrimas. Mulher inteligente sabe que burrice é apenas um estado de espírito e prefere rir das situações tragicômicas. Rir é melhor que chorar.

Toda mulher inteligente é uma burra assumida. Só as burras são capazes de acreditar no amor, mesmo depois de várias desilusões amorosas, cicatrizar as feridas do coração e recomeçar do zero (sem mágoas, medos ou sombras do passado), quantas vezes forem necessárias. Viver é emburrecer, porque nada de grande no mundo é feito sem paixão.

Idiotilde

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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