Todo mundo é tapete

(ou As regras do jogo)Sou incrivelmente desastrada. Vìvo com manchas roxas espalhadas pelo corpo sem saber de onde surgiram, caio, derrubo as coisas, dou diversas topadas por dia e tropeço milhares de vezes. Sou um perigo para mim mesma – e para quem cruzar meu caminho!

O problema é que em relação a minha vida amorosa eu não sou mais cautelosa ou cuidadosa. Desarmada, sem truques, artimanhas e essa mania ridícula e infantil de falar tudo o que vem a cabeça e demonstrar o que sinto, só consegui colocar para correr a maior parte dos homens que desejei.

Sem querer generalizar, mas já generalizando, não adianta demonstrar sentimento para homem. Não mesmo. Mandar torpedo, escrever e-mail, fazer convites, dizer que está com saudades, ou seja lá o que for, deixando claro que ele não é um qualquer fará com que ele se distancie a passos de maratonista da Corrida de São Silvestre!

Não sei o porquê, mas o ser humano gosta mesmo de sofrer. Ser humilhado. Pisoteado. Servir de tapete para o sexo oposto pisar. Estou farta de exemplos! Quantas e quantas vezes tudo foi por água abaixo justamente quando resolvi demonstrar que, sim, eu estava afim? Milhares!

Agora vejam só: o vizinho lindo-sarado-inteligente-gostoso, que não me deu a mínima quando eu só faltava me jogar em seus braços na academia, anos depois, resolveu notar minha existência, descobriu meu telefone e me liga pelo menos três vezes ao dia para me chamar para sair. Vamos ao cinema? Quer dar uma volta? Que tal um restaurante japonês? Gosta de forró?

Seria trágico se não fosse cômico, mas a verdade é que ele só está insistindo porque eu não aceitei um convite sequer. Eu sempre tenho uma coisa mais importante para fazer. Um compromisso inadiável. Algo imprescindível. Estudos diversos. Trabalhos inacabados. Hoje não posso. Agora não dá. Deixa para a próxima.

Eu juro que ele é tudo que a maioria de nós gostaria de ter e, lógico-claro-evidente, tem uma legião de fãs correndo atrás dele, doidas para ir ao restaurante japonês e comer até o palito (ops!), mas ele cismou justamente comigo.

Por que a gente é assim? Porque não conseguimos desprezar quem a gente quer? Por que é tão difícil segurar as palavras e não dizer tudo o que temos em mente? Por que é tão difícil recusar um convite (só um, vai!). Por que é difícil deixar o telefone tocando? Por que?

Temos que aprender, de uma vez por todas, as regras desse cruel e desumano jogo do amor, caso contrário, só teremos aos nossos pés aqueles homens que, podem até ser o genro que a mamãe pediu a Deus, mas não fazem em nada nossa cabeça!

(Eu não serei seu tapete a vida toda, pisa enquanto ainda pode!)

Idiotilde

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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