Up Altas Aventuras

Toda semana assisto Up Altas Aventuras, às vezes duas vezes seguidas. Minha enteada, que tem apenas dois anos, simplesmente a-do-ra o filme. Fica feliz com as partes alegres, franze a testa nas cenas de tensão, faz carinha de choro nas horas tristes e me abraça ou pega forte minha mão nas horas em que sente medo.

Embora seja um desenho animado, Up não é necessariamente um filme infantil. O filme retrata a vida do rabugento Sr. Carl, um vendedor de bolas de gás, que, após ficar viúvo, amarra milhares de balões à sua casa e parte em direção aos seus sonhos de infância. O filme fala de amor, planejamento de vida, sonhos, frustrações, desafios. Mesmo sabendo até as falas dos personagens de cor, toda semana eu fico emocionada e choro.

O que realmente me emociona no filme é o amor que o velhinho rabugento sente pela companheira de toda uma vida, a maneira que ele conversa com ela mesmo depois de sua morte e as lembranças desse relacionamento. Em um dado momento, o Sr. Carl desiste de perseguir o seu sonho, senta numa cadeira e começa a folhear o álbum que a Ellie, sua falecida esposa, tem desde a infância. De repente, uma página que ele nunca tinha visto se abre e nela está escrito: “Obrigada pela aventura, agora parta para a próxima. Com amor, Ellie.” Nessa hora quase me afogo nas próprias lágrimas, acho lindo demais.

Sou romântica e acredito que é possível ter um companheiro para a vida. E como a Ellie, também creio que amar é uma grande aventura. Através do amor procuramos conhecer melhor a nós mesmos, nos permitimos um outro olhar sobre as mesmas coisas, procuramos soluções, nos reinventamos, aprendemos milhares de coisas novas que, talvez demorássemos mais para conhecer. Para que o amor entre um homem e uma mulher permaneça vivo é necessário que os dois se permitam mudar continuamente.

Não estou falando se moldar ao desejo do outro ou virar um fantoche. Estou falando de uma mudança mais interessante e complexa: o amadurecimento. É preciso amar o outro, sim, mas só o amor não basta. É preciso compartilhar sonhos, admirar, se interessar pelos interesses do outro, sentir-se livre para expor seus desejos, torcer pelo outro e saber que do seu lado há sempre alguém que irá torcer por você. Toda semana, ao assistir o filme, lembro que amar é uma coisa boa. Isso me deixa feliz e emocionada.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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