O caso da USP e a violência sexual

sangue

Li ontem a notícia de que um jovem de 23 anos invadiu um alojamento do campus da USP e efetuou alguns disparos. E não dei muita atenção à matéria. Até o momento em que outro site relatou algo que não para de martelar a minha cabeça: o mesmo rapaz, agora foragido, havia relatado e denunciado à polícia, em março de 2013, que fora abusado por oito homens no campus de São Carlos em um trote.

Na época o estudante disse ainda que poderia reconhecer os agressores, pois eles estudam e moram na universidade. Mas, como na maioria das vezes, nada foi feito. E, para piorar, ele começou a sofrer ameaças e deboches pela internet. “Isso persistiu até a semana passada. Faziam palhaçadas com a minha foto e brincadeiras sem graça com fotos de animais. Eu estava tentando preservar o que restava da minha imagem”, contou.

Atentem para a frase: “eu estava tentando preservar o que restava da minha imagem.” Que mundo é esse em que as vítimas de violência sexual são hostilizadas, e não seus agressores? É sempre assim. Se uma mulher é violentada então, passa a ser culpada: “mas também, olha a roupa que estava usando”, “deve ter se insinuado”, e daí para pior.

Eu não concordo com a tentativa de fazer justiça com as próprias mãos. Até porque, nenhum de seus agressores foi preso e ele será. Mas eu compreendo o ódio de alguém que é vítima de uma violência desse tipo, para de estudar por medo dos colegas, é ridicularizado por outros, ignorado pelas autoridades e vê sua vida desabar enquanto os agressores continuam vivendo em paz. É justo isso, gente?

Vida cruel essa nossa. De perder a fé na humanidade.

***

Para quem não sabe do que estou falando, aqui estão os links das matérias do G1:

1) Notícia de 29/8 – Sobre os disparos no campus da USP

2) Notícia de 14/3 – Sobre a violência sexual sofrida

Sobre a autora Todas as publicações

Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

2 ComentáriosDeixe um comentário

Deixe uma resposta para Ana Márcia Cordeiro Cancele esta resposta

Your email address will not be published. Required fields are marked *