Sou conhecida pela mania de jogar as coisas fora. Se alguém em casa não acha o que procura já se desespera, com medo de que eu tenha jogado no lixo. Quem me conhece sabe que objetos sem utilidade ou aparelhos escangalhados são consertados, doados ou vão para o lixo.
Tenho horror a armários abarrotados de quinquilharias que só ocupam espaço. Coloquei na cabeça, sabe-se lá por qual razão, que a energia tem que circular. Que precisamos nos desfazer do que não serve para que o lugar seja preenchido com outros objetos, mais úteis.
Contrariando o que falam sobre as mulheres, eu não compro desenfreadamente nem curo minha TPM com um vestido novo. Mesmo numa promoção eu só compro o que vou usar, não tenho milhares de sapatos e todas as minhas bolsas ganhei de presente.
Ser assim já me fez afirmar, um sem-número de vezes, que não sou uma pessoa consumista. Acabo de descobrir que é mentira. Sou sim. Mas prefiro gastar dinheiro com o que não ocupa lugar no armário: uma viagem, um show, uma peça de teatro, uma ida ao cinema, uma ida ao museu, uma barra de chocolate com amendoim – devorada no mesmo instante. A exceção fica por conta dos livros.
Eu gosto de celebrar a vida. E não importa que seja com roupas antigas e sapatos desgastados.