Amigas umas das outras

Esta semana li uma matéria fantástica: quatro mulheres ficaram amigas depois de descobrirem que namoravam o mesmo homem. O namoro delas terminou, mas construíram umas com as outras uma amizade verdadeira, em que trocam confidências, viajam juntas, se encontram. E todas nós temos muito a aprender com essa história.

O que vemos, frequentemente, são mulheres xingando umas às outras, depreciando as roupas que usam, chamando de puta, vadia, piranha, piriguete. Quando uma traição é descoberta geralmente todo ódio se volta para a amante, a “destruidora de lares”, a conquistadora, que se insinuou, não pode ver uma aliança e não respeita a família. Não raro o homem é perdoado.

Eu não sei de onde nasceu a ideia de que as mulheres devem ser inimigas, mas vemos exemplos disso o tempo todo. Basta observar o cotidiano. Muitas mulheres afirmam que preferem trabalhar com homens, dizem que eles são mais práticos, mais isso ou mais aquilo. Sem se dar conta de que, sendo mulher, ao depreciar uma depreciamos todas. Inclusive nós mesmas.

Histórias de traição conhecemos aos montes, mas geralmente a mulher traída agride a amante, ofende, fica com raiva e permanece com o marido. E isso sempre pareceu ilógico para mim: afinal quem tinha um compromisso e o descumpriu? A amante? Ou o companheiro? Se o relacionamento deve continuar ou não, se o companheiro deve ser perdoado ou não, é decisão que não nos cabe julgar.

Mas, voltando ao primeiro parágrafo, o que aconteceria se as personagens dessa história não tivessem uma lucidez invejável? Talvez estivessem disputando por um homem que não vale a pena, teriam se xingado, agredido umas às outras, desperdiçado tempo em brigas e acusações. Além, claro, de perder uma ótima oportunidade de tornarem-se amigas, como aconteceu.

Eu sei que é difícil, mas quando uma mulher olhar para o homem que você ama não fique com raiva dela. Se esse homem te trair volte seu ódio para a pessoa certa: ele. Não ridicularize outra mulher falando de suas roupas ou do seu comportamento. Tenhamos um olhar empático umas pelas outras. É necessário perceber que estamos todas no mesmo barco, sofremos os mesmos julgamentos e exigências.

A sociedade tem sido muito cruel com cada uma de nós. Não reproduzir isso já é muito importante para construirmos um mundo mais igualitário, justo e agradável. A nossa atitude, mesmo pequena, importa. Que tal começarmos sendo amigas umas das outras? Ou, pelo menos, olhando cada uma, inclusive nós mesmas, de maneira mais amorosa?

Quanto à matéria, você lê aqui: http://goo.gl/KyHNsZ

Texto publicado no Amor Crônico em 23 de abril de 2015.

         

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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