Briga de casal

Entre duas pessoas que se relacionam de maneira mais íntima e convivem diariamente há divergências e, inevitavelmente, surgem brigas. Pelas mais diversas razões. Ciúme, dinheiro, falta de atenção, acordos descumpridos, afazeres domésticos, intromissão dos familiares. Não importa o porquê, em algum momento uma briga irá surgir.

Brigar não é algo agradável, mas fugir da briga também não é positivo. Resolver o problema impossibilita que o tema volte, com mais força, na próxima desavença. Faz com que a gente aprenda com os erros. Permite que conheçamos melhor a pessoa que vive conosco. E demonstra que temos interesse na relação.

Se os ânimos estão muito exaltados talvez valha voltar ao assunto quando eles se acalmarem. Às vezes deixar a discussão para depois é uma decisão sábia. Para evitar agressividade, gritaria e uma briga ainda maior, que não trará nada de construtivo para ninguém. Muito pelo contrário. Só trará desrespeito, desacordo, desarmonia e mágoa.

Não há existência sem conflito. O que não justifica conviver com alguém como se estivesse constantemente em uma guerra. Isso não é saudável. Mas, infelizmente, algumas pessoas vivem assim. Com medo de emitir opiniões. Buscando as palavras. Sofrendo ameaças. Sendo vigiado. Ouvindo gritos. Sendo agredido. Isso não é briga. É relacionamento abusivo mesmo.

Mas, vamos voltar às brigas de qualquer casal, aquele que se desentende sobre o lugar para ir, a hora de fazer determinada coisa, sente ciúme da amiguinha que o amor adicionou no facebook. Se a relação é a dois, os dois são responsáveis por ela e devem pensar em como estão contribuindo para que o desentendimento aconteça e como podem solucioná-lo.

Se, por outro lado, o homem te chama de louca, maluca e faz você se sentir culpada, desconfie. Há uma grande possibilidade de que você não esteja blefando. Homem é especialista em se fazer de vítima quando está errado, já reparou?

Brigas de casal são um pouco mais complicadas do que as outras, porque, se as pessoas se amam e querem continuar juntas não podem perder a cabeça nem quando brigam. Gritar, ofender, ameaçar ir embora, debochar, rir do outro e, qualquer atitude desrespeitosa, faz com que a pessoa se afaste ainda mais. E não tenha interesse em permanecer no dia seguinte.

Todo mundo discorda em algum ponto. Isso faz com que a gente amadureça, repense nossas ideias e questione as certezas que construímos ao longo da vida. Conviver com alguém é lidar com as diferenças. E, sob este aspecto, brigar pode ser positivo.

Já presenciei inúmeras brigas de casal. Desde de verdadeiros barracos a brigas silenciosas, em que, geralmente a mulher, está chorando baixinho na mesa do bar. Quem nunca desceu do salto, perdeu a cabeça, fechou a cara em público ou chorou baixinho de tanta raiva no meio de todo mundo?

Com o tempo a gente aprende a adotar outras técnicas de combate. Porque entende que o parceiro não é oponente. Que quando um perde, perdem os dois. Ninguém deixa de discordar com o passar dos anos, mas deixa de fazer tempestade em copo d´água e aprende a respeitar o outro mesmo sob o calor da emoção. O amor tem o poder de acalmar o coração das pessoas mesmo quando elas estão carregadas de ódio.

Dizem que o sexo depois de uma briga é o melhor deles. Que ouvir um pedido de desculpas é emocionante. Que fazer as pazes faz bem para a relação. Mas se você precisa procurar motivos para brigar só para ter momentos felizes com quem você ama alguma coisa está errada. E é preciso refletir sobre isso também.

Na maior parte das vezes os casais brigam por motivos irrelevantes que não valem o estresse. Mas pessoas são assim, não é mesmo? Por isso não vale arriscar o relacionamento por orgulho, falar as coisas sem pensar, ignorar o sentimento do outro e lidar com a briga como se alguém tivesse que ganhar ou perder.

Sempre haverá o dia seguinte e, quando se trata de relacionamento amoroso, é prudente não falar coisas das quais se arrependerá depois. Porque quem ama também cansa e um dia pode ir embora para nunca mais voltar.

Crônica publicada no Amor Crônico em 18 de abril de 2016.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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  • Oi Giseli, mais uma vez concordo com vc em todas as palavras, adorei o texto e me vi muito nele. Acho realmente que assim como nós amadurecemos, o nosso relacionamento tbm amadurece. Eu e meu marido já estamos juntos a sete anos e com o passar do tempo nossa vida só melhorou, nosso relacionamento se fortaleceu e nossas brigas hoje são muito diferentes das do inicio da relação. Sou muito feliz e tento sempre me melhorar, apesar de nem sempre ser algo fácil. Achei muito interessante o que vc colocou que quando um perde, perdem os dois, pois é realmente isso que acontece. Eu não sei estar brigada com meu marido, parece que nada na minha vida funciona, é horrível e desde que me dei conta disso, mudei, hoje quando temos um problema, eu procuro sempre resolver e acertar as coisas para que voltem “ao normal” e tem dado certo sabe. Amei o texto, amo tudo o que vc escreve, impressionante! Beijão.

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