Em tempos cada vez mais acelerados, onde ninguém tem tempo para nada – nem para si mesmo – amar dá (muito!) trabalho, pois, antes de qualquer coisa, demanda o que há de mais escasso em nossa vida: o nosso tempo. É preciso ter tempo para construir vínculos, estreitar relações e se dedicar a alguém.
Amar é, sem dúvida alguma, uma das tarefas mais significativas, importantes e prazerosas que o ser humano já inventou. Mas não é fácil, nem simples, nem instantâneo. Tanto assim que muitas mulheres, quando grávidas, não passam a amar o feto assim que veem o resultado positivo no exame. Passam a amar com o tempo.
Não quero, no entanto, falar das relações entre pais e filhos. Mas sim de amor entre homem e mulher. Ou entre dois homens. Ou duas mulheres. Não importa. Quero falar de relação amorosa. Amar alguém é uma escolha. É escolher doar nosso tempo, nossa energia, nossa vontade a uma pessoa e não a qualquer outra coisa.
Se cada escolha é uma renúncia, ao escolher estar com alguém optamos por abrir mão de alguma coisa. E essa é a magia do amor: “é querer estar preso por vontade”, como nos versos de Camões. E, embora muitos digam que estão dispostos a viver uma relação duradoura, poucos se disponibilizam a construir vínculos como o amor merece.
Amar é não ter controle. É viver as alegrias, os desafios e as incertezas da relação com o coração aberto e a certeza de que amar é viver e sentir. E se dedicar, diariamente, a uma relação que você deseja que dure. Por todo sempre. Mesmo que não tenha domínio sobre o relacionamento, você faz sua parte para que todo dia seja um novo sim.
Não tenha medo de se apaixonar, se envolver e construir um relacionamento. Vai dar trabalho, vai te preocupar, vai consumir seu tempo, vai te impedir de se dedicar a outra coisa. Mas, certamente, será uma das melhores coisas da sua vida, pois amar é a melhor coisa deste mundo.
Crônica publicada no Amor Crônico em 10 de setembro de 2018.