Pandemia e Amor-próprio

De uma hora para a outra tivemos nossas rotinas viradas de cabeça para baixo, a casa transformada em ambiente familiar, social, corporativo e acadêmico, orientados a permanecer em casa longe dos amigos e familiares.

Temos falado muito sobre afeto em tempos de isolamento social, que a distância também é uma manifestação de amor, que isolamento não é sinônimo de solidão, que é possível demonstrar amor mesmo longe, que estar longe fisicamente não significa estar ausente.

Estamos todos nos adaptando a uma nova realidade, uns com mais facilidade que outros, é verdade, mas todos demonstrando que o ser humano tem uma capacidade incrível de se adaptar às mudanças e encontra força na adversidade – mesmo quando acredita que não.

O amor continua vivo, mesmo diante de tantos discursos de ódio e desprezo pela vida. E tenho lido muitas notícias de pessoas que colocaram comunicado no elevador, oferecendo ajuda aos idosos, estão escrevendo bilhetes e deixando embaixo da porta dos vizinhos, fazendo vídeo-chamadas, ligando e mandando mensagens para se mostrar presentes e oferecer ajuda, fazendo quentinhas para distribuir a quem tem fome, confeccionando máscaras e arrecadando álcool em gel para doar à população de rua.

Tantas demonstrações de gentileza e solidariedade deixam nosso coração quentinho e cheio de esperança de que podemos acreditar em dias melhores. Somos seres sociais, temos necessidade de conviver com outras pessoas, por isso mesmo, principalmente, nesse momento, ajudar o próximo é ajudar a nós mesmos.

E é sobre isso que desejo falar: estamos vivendo uma pandemia mundial. Hoje, enquanto escrevo, já são mais de 20 mil mortos de covid19 só no nosso país. Vivemos um momento difícil, delicado e cheio de incertezas e, por vezes, é normal sentir medo, ficar ansioso e angustiado. Cuide da sua saúde física e mental para que tenha condições de ajudar as pessoas que ama.

Se você está conseguindo fazer exercícios, cursos online, assistir milhares de lives, descobrir uma nova habilidade, fazer yoga, meditar, rezar, ajudar os filhos com as lições, fazer comida, desinfectar a casa toda hora e trabalhar, ótimo. Mas se você não está, acalme-se. Entenda que não estamos em uma competição, que quarentena não é férias, que as publicações nas redes sociais são apenas um pequeno recorte da vida alheia – não se compare! – e que o mais importante neste momento é se manter são e salvo.

Preste atenção em si mesmo. Identifique seus sentimentos e emoções. Entenda que diante de uma situação que não podemos controlar é normal sentir-se vulnerável e que vulnerabilidade não é fraqueza. Expor sentimentos e emoções é um ato de coragem. Se necessário peça ajuda profissional.

Cuide bem da pessoa que nunca irá lhe abandonar: você mesmo. E, assim, ajude plenamente as pessoas e distribua amor por aí.

Crônica publicada no Amor Crônico em 24 de maio de 2020.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

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