Silêncio, por favor

Lembro como se fosse hoje do dia em que entrei num restaurante com o meu filho e ele, desesperado, colocou as mãos na cabeça e disse: “vamos embora, é tanto barulho aqui que já estou com dor de cabeça.” Levantei, virei às costas e fui procurar outro restaurante menos barulhento. Desde então passei a observar mais o barulho e tenho sentido muita falta do silêncio.

Nos restaurantes que frequento no Centro do Rio, na hora do almoço, os ruídos são assíduos. Tanto que dia desses, precisando resolver assuntos do dia a dia com meu noivo, optamos por um restaurante só porque é o único onde ainda conseguimos ouvir um ao outro sem que seja preciso gritar. O atendimento é demorado, a comida não é ótima, mas podemos sentar e conversar. Algo tão simples tornou-se imensamente complicado nos dias atuais.

Para onde foi o silêncio? Observo que as pessoas estão falando cada vez mais – e mais alto, o que me levar a crer que não estão preocupadas em ouvir ninguém – só em serem ouvidas. Os tantos ruídos que ouço todos os dias são, para mim, muito mais do que uma manifestação de falta de educação. São uma manifestação clara da arrogância, prepotência e egoísmo tão presentes nos nossos dias.

Quem não fica um minuto em silêncio não tem muito a dizer. Só quer parecer que tem. Falam tanto o tempo todo, porque não suportam mais conviver com o (próprio)  silêncio, porque preferem falar uma coisa qualquer a ouvir algo mais interessante.

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Giseli Rodrigues

Mãe do Lucas. Escritora. Professora. Revisora. Especialista em Letras, Recursos Humanos e Gestão Empresarial. Estudante de Psicologia. Chocólatra. Flamenguista. Pintora nas horas vagas. Bem-humorada. Feliz.

Um comentárioDeixe um comentário

  • incrível mesmo como os restaurantes estão cada vez mais barulhentos.

    aqui em sp também, todo lugar anda parecendo cantina italiana. nada intimida, nem a luz baixa, a música de fundo…

    um saco, saio mais estressada do que quando entrei… 🙁

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